...

Por te falar eu te assustarei
e te perderei?
Mas se eu nunca falar
eu me perderei,
e por me perder
eu te perderia.

Clarice Lispector

Suavidade

Pousa a tua cabeça dolorida

Tão cheia de quimeras, de ideal,

Sobre o regaço brando e maternal

Da tua doce Irmã compadecida.
Hás-de contar-me nessa voz tão qu'rida

A tua dor que julgas sem igual,

E eu, pra te consolar, direi o mal

Que à minha alma profunda fez a Vida.
E hás-de adormecer nos meus joelhos...

E os meus dedos enrugados, velhos,

Hão-de fazer-se leves e suaves...
Hão-de pousar-se num fervor de crente,

Rosas brancas tombando docemente,

Sobre o teu rosto, como penas de aves...

Florbela Espanca

Caminhos...

Bahia Jan/07

Pelos caminhos mais difíceis, pelos cantinhos mais escondidos ... está o meu paraíso!
E quando chegar será maravilhoso matar a sede de anos...
E essa água terá o sabor do néctar dos Deuses!

Ao mestre com carinho

A maioria das pessoas pensa que o importante na escola é aprender matemática, gramática, que sem isso não se tem futuro...
Eu penso diferente, me ensinaram a pensar diferente.
Nesses quase dois anos de faculdade, conheci pessoas únicas, que me modificaram de tal forma que nem lembro direito como era antes...
Foram as pessoas o meu melhor aprendizado na faculdade. Aprendi mais sobre o ser humano do que qualquer outra coisa, e isso em todos os momentos e de todas as formas.
E uma pessoa de uma forma especial, me ensinou mais do que imagina!
Os olhares, os sentimentos a cumplicidade... a nova visão do mundo em que vivo!
O respeito, a amizade o amor sem maldade, sem mentiras e sem medidas... por tudo e por todos!
A Coragem, a dedicação, o suor, a integridade, a simplicidade...
Contigo aprendi a me descobrir como realmente era e não sabia, consegui colocar pra fora a força que possuía...
Meu "Sábio" não a procura do saber, mas do compreender...
E eu compreendi que pessoas vem e vão
Nem sempre podem continuar ao nosso lado.
Mas as marcas que elas deixam são eternas e suas presenças sempre sentidas!

Sua aluna
Sua amiga
Sua professora de vida...


Neste dia, nesta hora, neste mês...

Nós podemos!

Bahia, jan.2007

Solte a imaginação,

Busque bem lá dentro seus melhores sentimentos.

Não é balela, nós podemos tudo.

Basta fechar os olhos, continuar sem reclamar, sorrir ...

Nós podemos voar!

Voar

As coisas são assim

Não adianta espernear

A nuvem parece estar perto

Mas não se pode alcançar

É preciso usar asas

Para poder sair do chão

Vivo andando por entre nuvens

Com as asas da imaginação...

Aloucada

Os limites da imaginação ultrapassam

As órbitas da razão

Pisando em outros planetas

Fugindo em vários cometas

Na imensidão da constelação sem fim

Daqui não volto tão cedo

Mesmo que sinta medo

Não quero outra loucura pra mim

Em um grande mar

Em um grande mar.
Cheio de intempéries e surpresas.
Estou desvendando mistérios, de recifes nunca vistos,
Divertindo-me em corais nunca pisados, em companhia de cardumes e seres ainda não conhecidos.
Abro os olhos admirados, para a surpreendente infinidade de novas cores, não existentes na superfície.
Muitas das vezes faço o contrário e fecho os olhos, para enxergar ainda melhor,
Despertando os outros sentidos, inebriados de sensações, de novos sons.
Sinto-me às vezes solitária, perdida e insignificante diante de tanta imensidão.
Penso na superfície, tudo parece tão simples.
Veja isto, use isto, seja isto, tudo sem questionação.
Apenas andar, com os pés no chão...
Não!
Eu quero é mergulhar, mesmo na escuridão, experimentar.
Tirar os pés do chão, mudar, trocar de direção.
Eu quero toda a profundidade,
Nadar em águas turvas e tenebrosas, me angustiar; lutar contra serpentes marinhas, tudo bem se me machucar...
Como eu quero!
Nada de superficial.
Quero amar a todas as diferentes descobertas e todos os seres, me apaixonar por tudo com toda a intensidade.
Gargalhar até doer à barriga e cantar mesmo que o dia seja triste.
Em um grande mar, é aonde eu irei me afogar em todas as sensações até chegar ao fundo, toca-lo e deixar de senti-las.

Até quando...

Te espero aqui

Com a paciência de um monge

E mesmo que esteja longe

Não deixarei de sentir...

Começar

Estou começando um novo ciclo e acho que estar aqui vai colaborar em muito com essa decisão.
Quando criança sentia medo de dizer o que pensava, por isso passei a escrever e vi o quanto me fazia bem poder de alguma forma colocar pra fora o quer sentia, a cada dia, a cada tristeza isso se tornou mais forte e significativo pra mim, era como poder entender tudo o que acontecia a partir do momento em que precisava pensar no que aconteceu pra colocar no papel. Aquilo era um divã e eu nem sabia.
Foram tantas horas de conversas mudas, de risos sozinhos e de afetos sem trocas... Não que não tivesse amigos, mas como canceriana que sou, falar de mim sempre foi tarefa difícil. A verdade era que eu achava que ninguém nunca entenderia e que as minhas vontades loucas eram só minhas... Hoje sei que não estou só em devaneios loucos e os que se dizem certos são poucos.
Gosto do que fui e do que me tornei, fiquei muito tempo dentro da concha, mas da areia perolei... fantasias vividas, sonhos, fantasmas, lágrimas e sorrisos, horas de conversas sem nem ao menos proferir um som...
Depois de crescida não faz muito tempo, passei a dividir com raras pessoas alguns pensamentos, algumas dessas conversas caladas, e fui ouvida. Foi muito bom ! E a cada poema lido por outra pessoa com aprovação, me torno mais confiante de que nem todas as conversas precisam ser mudas e que as vezes uma sugestão não te torna pior ao contrário de torna melhor pois amplia sua visão.
O que quero aqui não é receber elogios nem vaias, quero escrever e colocar pra fora muitos gritos que um dia segurei... espero que em algum lugar alguém possa ouvir!
Quero que seja um espaço de palavras sentidas, choradas e vividas, sem som sim, mas nunca vazias!
Será um prazer tê-los aqui!